Razão e emoção podem caminhar juntas?
Será possível separar a razão da emoção? Ou podemos ter um equilíbrio entre elas?
Tendemos a achar que as decisões pela razão são as mais acertadas, mas…. será que a racionalidade é tão racional assim?
A razão diz respeito à nossa capacidade de compreender, de pensar, de ponderar e de utilizar a nossa capacidade mental de avaliar uma situação ou um acontecimento e de tomar decisões. Junto com ela, temos a nossa interpretação do mundo, que passa pelas nossas emoções e pela forma subjetiva de como percebemos aquilo que nos acontece.
As emoções são geradas por estímulos e promovem em nosso corpo reações bioquímicas e neurais, fisiologicamente perceptíveis ou aparentemente imperceptíveis. Elas são alterações no corpo a partir do gerenciamento no cérebro e aparecem antes mesmo de identificarmos o que estamos sentindo.
As emoções são geradas por estímulos externos ou internos e podem aparecer de forma mais ou menos explícita. Por exemplo, quando encontramos alguém por quem estamos especialmente interessada ou interessado, é possível perceber o coração acelerar, as mãos transpirarem e, as vezes, as palavras saírem um pouco embaralhadas. Nessa situação, percebemos logo de cara que as nossas emoções estão no comando.
Existem também as situações em que somos acometidos pela emoção e que não nos damos conta de que isso está acontecendo. Pode ser um pensamento, uma lembrança ou um sonho. Sabe aquele dia que você está chateado e nem sabe explicar o porquê? Ou estava tudo bem, até o momento em que você encontrou alguém que, por algum motivo, te suscitou lembranças desagradáveis e você passou a se sentir meio desanimado, tristonho, sabe? Pode ser que você não perceba mas o encontro ou a lembrança te geraram uma emoção.
Segundo Damásioi, neurocientista importante da atualidade, há dois tipos de circunstâncias em que as emoções podem ocorrer.
1– Quando a gente processa determinados objetos ou situações por meio dos nossos mecanismos sensoriais. Por exemplo, quando temos a visão de algo, o rosto de alguém ou algum lugar, ou a percepção olfativa do cheiro do bolo da avó ou do perfume usado pelo pai.
2– Quando a nossa mente evoca certos objetos e situações e os representa como imagens, no processo de pensamento. Por exemplo, ao lembrarmos do rosto da ex-namorada ou do ex-namorado e pensar no romance que não deu certo, podem surgir emoções que não temos a escolha de não sentir.
Pode-se dizer que emoção é ação, não temos controle pelas emoções, ela acontece e não temos como decidir. O que a ciência já descobriu é que certos tipos de objetos ou de eventos tendem, sistematicamente, a associar-se com maior frequência a determinado tipo de emoção do que outros.
Apesar das possíveis variações individuais, sociais e culturais nas expressões e no fato de podermos ter emoções mistas ao longo da evolução, podemos dizer que as emoções são universais e fundamentais para a nossa sobrevivência. Elas funcionam como reguladoras, nos direcionando para a recompensa ou para a punição, para o prazer ou para a dor, para a aproximação ou para o afastamento, para a vantagem ou a para desvantagem pessoal e, inevitavelmente, para o bem (no sentido da sobrevivência) ou para mal (no sentido da morte).
Podemos afirmar que as emoções são predominantemente inconscientes e fazem parte do desenvolvimento da experiência humana e cotidiana. Quando tomamos consciência da emoção, temos então um sentimento. Os sentimentos contribuem para construção da nossa identidade, quem somos, como interpretamos o mundo e como ele nos afeta.
Quando não acessamos nossas emoções com consciência, agimos, reagimos e decidimos coisas regidos pela emoção. E quando há consciência, os sentimentos têm um impacto máximo e as pessoas são capazes de pensar, refletir e planejar.
Como diria Damásio, o neurocientista que mencionei anteriormente, “o único jeito de controlar a tirania onipresente das emoções, é a razão e ironicamente os mecanismos da razão, requerem a emoção”.
Se razão diz respeito a nossa capacidade mental de avaliar uma situação ou um acontecimento e de tomar decisões, precisamos reconhecer e compreender o que sentimos… Reconhecer os nossos medos, angústias, inseguranças, afetos e motivações para, então, pensar, refletir e ponderar sobre como lidar com os efeitos daquela emoção.
Enfim, ter consciência do que sentimos, de quem somos, das nossas potencialidades e das nossas limitações contribuem para o equilíbrio entre a razão e a emoção. Assim, podemos viver melhor, com saúde emocional.
Matéria criada para o portal: Asec Brasil