Programa em escolas de SP está ajudando crianças que sofrem com a violência doméstica
No interior de São Paulo, um programa com professores da rede pública está ajudando crianças que sofrem com a violência doméstica.
As queimaduras de cigarro nas mãos e nos braços dos irmãos de três e quatro anos foram descobertas pelas professoras da creche. O conselho tutelar e a polícia foram alertados. A mãe chegou a ser presa.
Esta iniciativa está ficando cada vez mais frequente em Jundiaí, no interior de São Paulo, depois que professores e funcionários das escolas do município começaram a participar de um programa de capacitação. Nas palestras, eles percebem que quanto maior o vínculo afetivo com as crianças, mais visíveis ficam as emoções e sentimentos.
“Tem situações em que as coisas não são ditas. As crianças têm determinados comportamentos, manifestam determinados comportamentos que indicam que algo não está bem com ela”, destaca Silmara Meireles, psicanalista em educação.
O treinamento possibilitou que quase 5 mil profissionais fiquem mais atentos para a mudança de comportamento dos alunos. Sinais que podem indicar maus tratos. “Seja ela uma agressão física seja um abuso ou qualquer outra situação que nós comprovadamente ou não tenhamos a percepção de que essa criança precisa ser olhada mais de perto”, diz Vasti Ferrari Marques, secretária de educação de Jundiaí.
Quando a violência é comprovada, a Justiça afasta o agressor e encaminha a criança para um ambulatório especializado. No local, psicólogas atendem as vítimas para identificar o tipo de trauma. Só depois começa a terapia.
Para proteger ainda mais as crianças, no fórum as perguntas de juízes, advogados e promotores são feitas com a ajuda de psicólogas. A tecnologia faz com que mesmo à distância todos envolvidos acompanhem o depoimento.
“O grande objetivo é o de preservar a criança, porque a criança é ouvida por profissional especializado, que ´w o psicólogo com capacitação pra isso de uma tal forma a não revitimizar a criança”, destaca Jefferson Barbin Torelli, juiz da Vara da Infância e juventude.
Para Maria José Tonelli, doutora em psicologia social, prevenir a violência contra a criança é fundamental para que ela não se torne um adulto agressivo: “uma criança que cresce num ambiente extremamente violento não tem a oportunidade de aprender que as pessoas podem se relacionar de uma outra forma.”
Fonte: Jornal Nacional